Crônica

No dia 25/08/1972, mais uma criança nasceu nas periferias de Filadélfia nos Estados Unidos da América.Este menino esteve rodeado desde seu nascimento de drogas, armas e violência. Seu pai morreu quando ele possuía 2 anos de idade, perdendo assim a referência paterna que o ajudaria no seu crescimento como cidadão. Esse menino ao crescer começou a sonhar. Seu sonho? Ser jogador da liga profissional de Futebol americano, a NFL. Brincava todo dia com seus amigos, sonhava recebendo bola de Unitas, Scott, queria ser Wide Receiver, marcar touchdowns, comemorar, ser um ídolo. Na sua adolescência é matriculado na Roman Catholic High School, e lá começa a mostrar o seu talento. Alguns olheiros de universidades já percebem a incrível habilidade daquele garoto que pode vir a ser um excelente prospecto para a faculdade.
Certo dia, aquele garoto recebe a notícia que a universidade de Syracuse estaria interessada nele, lhe daria uma bolsa, jogaria lá e teria a oportunidade de ir para a NFL. O sonho daquele garoto estava se realizando. Vai para a casa correndo contar a sua mãe o seu feito. Poderia tirar a família daquela situação. Vai chegando em casa. Tiros. Gritos. Correria. Briga de gangue. Uma bala perdida acerta o lado esquerdo do tórax do menino. A morte. A morte de um sonho. Uma vida. Um futuro jogador da NFL. Morre Marvin Harrison, o futuro WR do Colts, um ídolo, não só para Indiana, mas como para toda a NFL. Recordista de média de recepções por temporada, maior número de recepções em uma temporada, a melhor parceria WR-QB junto com Peyton Manning, dentre outros feitos magníficos.
Ainda bem que essa estória é irreal, uma ficção. Mas isso nos faz pensar quantos Marvin “Harrisons”, quantos “Tomlinsons”, quantos "Ronaldinhos", quantos "Jordans", quantos futuros ídolos não morrem todos os dias por causa de pessoas incompetentes, sem nada na cabeça que brigam simplesmente por um morar na rua de cima e outro na rua de baixo, simplesmente por um gostar de 2-Pac e outro de Eminem, simplesmente por um torcer pelo Vasco e outro para o Flamengo. Infelizmente vivemos em uma sociedade em que muitos jovens não aceitam as diferenças, não aceitam que um tenha o gosto diferente de outro e dessa maneira muitas pessoas de boa índole que nunca se envolveram com nada disso são mortas, ficam com seqüelas físicas,e assim muitos futuros ídolos desaparecem antes de surgir.
Exponho nesse pequeno texto o meu desprezo as torcidas (des)organizadas, gangues e coisa do tipo. E também fica minha homenagem ao jogador que me fez torcer pelo Indianapolis Colts, sujeito que teve tudo para ir para o caminho errado, mas lutou contra isso e hoje é um dos jogadores mais respeitados de toda a NFL, o eterno #88 Marvin Harrison, verdadeiro Future Hall of Famer.



Pedro Ubarana